Três Mulheres no Beiral
Que dor no peito. À semelhança do Caronte à Espera da Cláudia Andrade, se tivesse apenas lido a sinopse das Três Mulheres no Beiral da Susana Piedade, não teria pegado este livro. Porém foi-me recomendado pelo meu grupo de amigos escritores e, além disso, tive o prazer de conhecer a Susana numa tertúlia, o que me atiçou ainda mais a curiosidade.
Foi, provavelmente, dos livros mais difíceis que li — não pela qualidade da escrita, longe disso — mas pelos temas abordados. Mais uma vez a velhice, o esquecimento, a solidão, e as casas que são memórias e que morrem aos poucos conosco também.
Não consegui escrever esta review imediatamente após terminar o livro. Precisei de tempo longe dele. Precisei de ler outros dois livros para me distanciar, mas a verdade é que ainda trago comigo a Piedade, a Madalena, a Catarina, o Eduardo, o José Maria, as suas dores e dificuldades.
Os primeiros capítulos fizeram-me pensar que estava a ler um obituário. Continuava a avançar, esperando que a narrativa arrancasse e, quando dei por mim, já estava a sofrer com as personagens. Sentia-me perante um complexo acidente rodoviário e não consegui desviar o olhar. Precisei ir desabafando os acontecimentos do livro enquanto estes se desenrolavam — da mesma forma que desabafamos com quem nos é mais querido as infelicidades que vamos vivendo. Se não tivesse, desta forma, partilhado o fardo, não sei como teria conseguido chegar à última página.
Foi o primeiro livro que li da Susana Piedade, e não será, certamente, o último. A Susana escreve de forma crua e directa. Confronta-nos com a inevitabilidade da fragilidade humana e deixa-nos a um canto, a tentar processar todas estas emoções. Obrigada por este tão grande livro, Susana. Foi um prazer lê-lo.
★★★★
E vocês, já leram As Três Mulheres no Beiral? Digam-me o que acharam nos comentários :)
Até breve,